Noite na Taverna - Álvares de Azevedo
- Caio Leiva e Letícia Freitas
- 3 de ago. de 2016
- 3 min de leitura
O livro Noite na Taverna, do escritor brasileiro Álvares de Azevedo, é uma obra de padrões ultrarromânticos cujo estilo faz lembrar a escola byroniana devido à grande presença de tons trágicos e sofrimento oriundo do amor. Publicada postumamente no ano de 1855, em uma coletânea de dois volumes publicada pela própria mãe após a morte dele, divide-se em sete capítulos narrados em terceira pessoa. O primeiro capítulo faz uma introdução ao apresentar os personagens e ao traçar o cenário (uma taverna decadente), porém o último finaliza a história dando um caráter de realidade às histórias narradas pelos cinco personagens.
Retrata a história curta de jovens cujos nomes são apresentados como Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius e Johann. Reunidos numa taverna em uma noite chuvosa, que, regados pelo álcool e éter e metidos em meio à fumaça espessa de cachimbos, fazem confissões macabras de histórias verídicas de seus passados conturbados com temas polêmicos envolvendo satanismo, necrofilia, incesto, adultério, morbidez e entre outros crimes confessados, levando o leitor a notar as diversas características intensas deixadas por Byron e Musset.
Todos estão semi-embriagados, portanto num estado de racionalidade, e, entre os presentes, há uma taverneira mantendo suas taças cheias de vinho, o qual é consumido abundantemente, há também várias mulheres adormecidas pelos cantos sob o enfeito forte do álcool ingerido em grandes quantidades. O clima é boêmio, sombrio e pesado, e tudo é de uma decadência irreversível, que paira no ar e revela uma juventude aparente dos jovens, que expõem experiências de vida que envolveram vivências trágicas, morte, sexo e que marcaram a vida deles para sempre, causando-lhes uma espécie de envelhecimento precoce.
Solfieri

Solfieri conta a história de um romance passado quando estava em Roma, na Itália, em uma noite fria e chuvosa, quando depara-se com um vulto chorando em uma janela e constata ser de uma mulher, a mesma deixa o lugar e direciona-se para o cemitério. Lá, a mulher chora diante de um cenário tumular e Solfieri adormece. Logo vê-se no primeiro capítulo o sofrimento de Solfieri ao perder a donzela. Mas após um ano, depois de uma orgia, o narrador, ao vagar de noite, adentra uma igreja e então vê um caixão, em seu interior nota a mulher do cemitério, ainda viva, num estado catatônico. Solfieri, na loucura de amor pela dama, “faz amor” com ela e a leva ainda com vida para sua casa, porém a mesma falece de febre dois dias depois. O personagem a enterra em seu próprio quarto e encomenda uma estátua da defunta.
Bertram

Bertram conta sua história trágica de amor por uma espanhola chamada Ângela, onde envolvem-se amorosamente mas a relação é interrompida quando o pai do protagonista adoece e chama o filho até a Dinamarca logo antes de morrer. Ele vai e retorna apenas dois anos mais tarde, quando a amada já concilia-se com um homem e tem um filho. Após o marido de Ângela descobrir que ambos queriam continuar a relação, ela mata o filho e o esposo e foge com Bertram, mas o larga e ele passa a viver vadiando como um andarilho para esquecê-la ao passo que atormenta-se com o sofrimento, até que cai às portas de um casarão e é atropelado por uma carroça, onde é acolhido pelos donos do recinto. O dono é um velho e tem uma filha, esta decide fugir com Bertram, porém ele logo se entedia e a vende a um pirata, o matando envenenado e se jogando no oceano.
Na Itália, muito arrependido, Bertram decide suicidar-se mas é salvo por um marinheiro, passando um tempo suficiente no navio, conhece a esposa do capitão e apaixonar-se por ela, mas em meio ao caso amoroso, a embarcação é atacada por piratas e naufraga. Da tripulação salvam-se o capitão, sua mulher, Bertram e mais dois marinheiros numa jangada, contudo os últimos acabam sendo levados pelo mar. Sem água e sem alimento, os três sorteiam quem morreria para servir de alimento para os outros e o capitão perde, contudo não aceita e luta pela vida. Ele perde a luta e é devorado pela esposa e Bertram, mas após dias, já em uma praia e fracos pela fome, a mulher pede por um último momento de amor antes da morte e ele a mata por pena.
Após muito tempo vivendo sozinho, ele é resgatado por um navio inglês.
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